Enfisema Pulmonar Grave: a Redução de Volume Pulmonar

O que é o Enfisema?
Os pulmões saudáveis são compostos por milhões de pequenos sacos aéreos (alvéolos) com paredes elásticas. São nos alvéolos onde ocorrem as trocas gasosas, isto é, onde o oxigênio é levado para todo corpo e o dióxido de carbono é expelido para fora dele. No Enfisema Pulmonar, as paredes desses sacos aéreos estão danificadas. Os alvéolos se rompem e se fundem, produzindo destruição no pulmão. As partes danificadas do pulmão são amplas e retêm o ar em seu interior. No Enfisema, quando se respira, a parte danificada do pulmão se infla mais do que o normal e comprime as partes mais saudáveis do órgão. O aumento na quantidade de ar dentro dos pulmões é chamado hiperinflação. É desconfortável respirar quando o pulmão se torna hiperinflado.

Como é realizada a Redução do Volume Pulmonar?
O procedimento é realizado por uma operação torácica minimamente invasiva sob anestesia geral e por pequenas incisões em um dos lados do tórax. Instrumentos especiais são usados para suturar e seccionar o pulmão, após a remoção de 20 a 30% do tecido pulmonar mais doente; são inseridos drenos torácicos para impedir o acúmulo de líquidos ou de ar no interior do tórax. Os drenos são removidos após alguns poucos dias mas às vezes leva mais tempo para a cicatrização do pulmão ocorrer. O tempo de internação hospitalar dependerá da evolução pós-operatória, em geral cerca de 10 dias, mas caso ocorram complicações a duração da internação irá aumentar.

Quais são os benefícios e riscos da Redução do Volume Pulmonar?
A maioria das operados – cerca de 80% – se beneficia da Redução do Volume Pulmonar; aproximadamente 68% tem chance de abandono do uso de oxigênio; 85% tem chance de não mais necessitar corticosteroides com uma melhora de 60-70% na função pulmonar; entretanto, 20% dos doentes que fazem o procedimento não sentem o benefício. Esta é uma operação de alta complexidade e com risco de complicações de até 35% e a mortalidade é 1 a 4%; Os estudos clínicos mostram risco de morte de 1% relacionado ao procedimento, embora esse risco varie entre os indivíduos. Se houver complicações, isso pode significar uma longa permanência no hospital para se recuperar da operação. É por isso que existem critérios muito cuidadosos para selecionar os candidato para esse tratamento. As complicações mais comuns a esses procedimentos são fugas de ar, em que o ar continuamente escapa do pulmão para a cavidade torácica enquanto o tecido operado não cicatriza. Um tubo torácico drenará o ar que escapará do seu corpo e a maioria dos vazamentos de ar cessará em até 10 dias, mas alguns pacientes têm períodos mais longos de perda de ar e podem precisar de uma segunda cirurgia para re-sutura do pulmão. Outras complicações podem incluir a necessidade de uma ventilação mecânica, pneumonia e tromboembolia venosa. As complicações menos comuns são infecção da ferida, infarto do miocárdio, arritmia cardíaca e morte. A Redução do Volume Pulmonar não é um tratamento recomendado para todos os pacientes com Enfisema Pulmonar e também não cura o Enfisema.

Quais os testes para identificar o candidato ideal para Redução do Volume Pulmonar?
Candidatos para Redução do Volume Pulmonar devem atender a requisitos rigorosos. Uma avaliação clínica e fisiológica completa inclui pletismografia respiratória, prova de função pulmonar completa, teste de caminhada de seis minutos, medida da difusão do monóxido de carbono, gasometria arterial, tomografia computadorizada de tórax (com protocolo especial), eletrocardiograma, ecocardiograma, teste cardiorespiratório e cintilografia de perfusão pulmonar.

Redução Broncoscópica do Volume Pulmonar com Válvulas
Esta é uma alternativa menos invasiva para Redução do Volume Pulmonar; o procedimento envolve implantar pequenas válvulas nas vias aéreas que suprem a parte mais comprometida do pulmão doente. É utilizada uma câmera de fibra óptica chamada broncoscopia para inserir as válvulas sob anestesia geral. As válvulas impedem que o ar entre nas áreas mais doentes do pulmão e, portanto, as colapsa. Isso tem efeito semelhante à remoção das área do pulmão por operação minimamente invasiva; o tempo de internação hospitalar é de pelo menos cinco dias, salvo ocorram intercorrências.

Quais são os benefícios e riscos da Redução Broncoscópica do Volume Pulmonar?
Em doentes selecionados, as válvulas endobrônquicas podem melhorar a função pulmonar, capacidade de exercício e qualidade de vida. A principal complicação da colocação da válvula é quando ocorre uma rotura de alvéolos e vazamento de ar. Isso pode levar o pulmão a entrar em colapso, chamado pneumotórax. Isso acontece em cerca de 25% dos casos. O pneumotórax pode causar dor no peito e aumentar a falta de ar. Pode ser necessária a inserção de um dreno em seu tórax para o ar ser eliminado. Isso significa alguns dias a mais no hospital. Geralmente, se ocorrer um pneumotórax, será logo após o procedimento. É por isso que você será observado no hospital por cinco dias.

O que é melhor: Broncoscopia ou Operação Minimamente Invasiva ?
Ambos os tratamentos podem ser eficazes em doentes cuidadosamente selecionados, melhorando a falta de ar e a qualidade de vida. Até o momento, não há ensaios comparando diretamente as duas opções. A Redução do Volume Pulmonar tem sido realizada por operação minimamente invasiva há mais de 25 anos e há evidências de que ela pode ajudar as pessoas a viver mais tempo. Especialistas acreditam que é provável que também exista um benefício semelhante do tratamento broncoscópico e válvulas. Mas até agora não houve estudos de longo prazo para provar isso. Ensaios clínicos estão em andamento.

Técnicas Experimentais de Redução Broncoscópica do Volume Pulmonar
Outras técnicas experimentais que utilizam broncoscopia estão sendo desenvolvidas em ensaios clínicos. Estes incluem usar vapor para cicatrizar as piores áreas do pulmão e reduzi-las; colocar bobinas de fio chamadas “molas” de redução de volume pulmonar para remodelar as áreas do pulmão onde o ar fica preso.